Lisandro Hubris
A Bíblia é tão mística como a feitiçaria, a alquimia e a astrologia
Textos
“Morte, onde está a tua vitória?”
Embora morrer seja inevitável, a vida seja uma contagem regressiva para a morte, e a cada instante percamos um pouco da oportunidade única de poder viver; o sentido da existência não se limita em apenas ter êxito nos empreendimentos que realizamos. Até porque, o indivíduo morre mas os seus descendentes continuam existindo. Além disso, modificamos o mundo a nossa volta, ficam os frutos das conseqüências que a existência do individuo produziu, e a morte não apaga a nossa passagem pelo mundo.
A morte é uma certeza, um destino biológico, um evento justo, natural, esperado e não uma fatalidade, bem como, uma etapa inevitável da existência, pois enquanto a CIÊNCIA não for capaz de ampliar os nossos limites biológicos, e, sobretudo assegurar nossa saúde, tudo o que NASCER também envelhecerá e morrerá, já que a velhice é um processo natura, onde as células vão deixando de cumprirem as suas funções. Por que a morte do que não SEREMOS, seria mais importante do que a morte de tudo o que não FOMOS?
Já que a morte consista em não ser nada e não estar em parte alguma, então todos nós já teríamos derrotado a morte uma vez, quando nascemos.
MORTE e VIDA se completam, pois entre a Vida e a Morte, ou seja, o INÍCIO é o FIM biológico, há sempre alguma matéria sendo transformada.
A vida sendo uma “corrente” formada por infinitos laços que une todos, inclusive une os que ainda vão nascer, os que já morreram e os que ainda vão morrer, para nós, para os que amamos, e para os que viverão através de nós; a passagem gloriosa da nossa vida, assim como, o que fizemos, não será apagado nem turvada pela certeza da morte. Quando o medo ou a angústia fundamental diante da morte se soma com outros medos periféricos; ou o desejo humano pelas coisas toma proporções indevidas; nos desorientamos e fingimos que a morte biológica não seria o fim dos humanos...
Além da morte valorizar a vida e ser um descanso, viver para sempre seria um “castigo”; já que quanto mais envelhecemos mais decrépito ficamos.
Por se tratar do eterno conflito entre oferta e demanda, tanto a vida, como os prazeres da existência só podem ser desfrutados quando se tem pouco, ou as recompensas do “Aqui e agora” são instrumentos de um projeto maior...
Já o tédio, a decepção, e a perde de entusiasmo acontece quando o que falta é a própria falta de algum alvo onde colocamos os nossos sonhos e objetivos.
Para dá sentido à morte dos que amamos fantasiamos que haveriam outras vidas. Se os humanos não tivessem medo da morte, hoje não estaríamos aqui, pois a Evolução não admite seres que não valorizam e lutam por suas vidas.

Apesar da morte transformar em cinza o nosso corpo e impedir que continuemos  vivendo, a morte é uma derrota insignificante, não impede que estejamos vivos agora, não impede que já tenhamos vivido, e não tira a importância de tudo que interferimos.

Se a morte é esquecimento, a sociedade será comemoração.
Se a morte é silêncio e ausência de significado, a vida biológica será o que dá significado a si mesmo e ao mundo em que vivemos.

Como o valor da vida depende do quanto valorizamos a nossa existência e o mundo em que vivemos, face ao abismo insignificante do caos que vencemos aparecendo, e ao qual nos submetemos morrendo; temos o direito de perguntar, tal como estaria escrito no Livro de Oséias, (que foi plagiado pelo Apóstolo Paulo), “Morte, onde está a tua vitória?”

Além do iludido ser alguém que necessita de um líder, que usa a leitura selecionada do que lhe interessa, e que fecha os olhos para o óbvio; não haveria motivos para privilegiar a existência dos que já não conseguem se reproduzir, se tornaram obsoletos, ficaram velhos, perderam as oportunidades de cumprir suas tarefas biológicas ou foram superados pelos concorrentes mais novos.
Sem oportunidade, sem felicidade e sem saúde, nossa longevidade não passaria de um estorvo inútil, caro e sem sentido.

A morte é o nada, a ausência de angústias, o fim das aflições, nenhuma existência e nenhuma consciência; o filósofo grego Epicuro (341-270 a.C.), ensinou que, não devemos temer a morte, pois se existimos a morte não existe. E quando ela existir, nós não mais estaremos aqui. Logo não haveria motivos para temer algo que só existirá quando não mais existirmos.


Lisandro Hubris
Enviado por Lisandro Hubris em 21/08/2011
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